OPINIÃO: Carta aberta da ONG REMCA
Há algum tempo que as Organizações Não Governamentais (ONGs) vêm assumido um papel cada vez mais relevante na sociedade, suprindo lacunas deixadas pelo poder público e defendendo causas essenciais. No entanto, a recente carta aberta publicada pela ONG REMCA, que atua na proteção animal em Lauro de Freitas, levanta uma questão delicada: até que ponto o ativismo genuíno não se mistura com interesses políticos e disputas por cargos em governos?
A indignação expressa pela REMCA decorre do aparente silêncio da nova gestão municipal em relação à continuidade da SUPPA (Superintendência de Proteção e Promoção Animal). A ONG, que teve participação ativa na campanha eleitoral de 2024, agora se vê sem respostas, questionando se sua atuação foi apenas utilizada como trampolim para angariar votos. Este cenário expõe um problema recorrente em períodos eleitorais: a apropriação de pautas sociais como moeda de troca, sem compromisso real com sua implementação. É bem verdade que a ONG tomou partido lançando seu representante que angariou significativos 513 votos e inclusive criticou a chapa de opocição publicando durante as eleições:
A crítica central da REMCA aponta para uma realidade incômoda: a linha tênue entre ativismo e barganha política. Não são raros os casos em que ONGs, inicialmente motivadas por uma causa legítima, acabam se aproximando excessivamente de candidatos e governos ou mesmo lançando candidaturas, tornando-se peças de um jogo político que pode comprometer sua independência. Quando essa relação se estreita a ponto de a organização condicionar sua atuação à obtenção de cargos ou apoio estatal, a essência do ativismo se perde.
Essa situação nos leva a uma reflexão maior sobre a postura das ONGs e o real compromisso dos políticos com as pautas defendidas em campanha. De um lado, há organizações que de fato trabalham incansavelmente para transformar a realidade e a REMCA é uma delas. Do outro, existem aquelas que, intencionalmente ou não, acabam instrumentalizadas pelo sistema político.
É fundamental que as ONGs mantenham sua autonomia e que sua atuação não dependa de favores políticos. Ao mesmo tempo, o poder público deve reconhecer a importância dessas instituições, estabelecendo um diálogo transparente e efetivo, sem oportunismo eleitoral. O que não pode acontecer é o ciclo vicioso onde grupos sociais são cortejados durante as eleições e ignorados no exercício do mandato.
Se a política deve ser, como citou a REMCA em sua carta, a “higiene dos países moralmente sadios”, é preciso que tanto governos quanto ONGs ajam com responsabilidade e coerência. Transparência, compromisso e independência devem ser os pilares dessa relação. Do contrário, continuaremos a ver causas importantes sendo utilizadas como ferramentas eleitorais, enquanto as verdadeiras necessidades da sociedade seguem sem resposta.
Que fique claro, não se trata de uma crítica à REMCA, mas uma reflexão baseada no caso em sí. Reiteramos nossa admiração ao trabalho da REMCA e esperamos que o bom senso prevaleça!
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