Reforma Tributária: O que muda para os municípios e o aumento em Lauro de Freitas
Medida federal desencadeia efeito dominó nos entes federativos; Lauro de Freitas é exemplo de cidade que se antecipa às mudanças
A aprovação da Reforma Tributária (EC 132/2023) pelo Congresso Nacional está causando um terremoto fiscal nos municípios brasileiros. O que parecia ser apenas uma mudança nos tributos federais revela-se um efeito cascata que já atinge as finanças municipais.
A reforma estabelece a maior transformação do sistema tributário brasileiro em décadas. A partir de 2026, começa a transição para a unificação de cinco tributos (IPI, PIS, COFINS, ICMS e ISS) em dois novos:
- IBS (Imposto sobre Bens e Serviços)
- CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços)
Para os municípios, a mudança é profunda e disruptiva:
- Perdem autonomia para fixar alíquotas do ISS
- Passam a depender de lei complementar federal
- Terão que se adaptar a novo sistema de arrecadação
O CASO LAURO DE FREITAS: PREVENTIVO OU OPORTUNISTA?
O “aumento de R$ 400 milhões” no orçamento aprovado nesta terça-feira (01/10) pela Câmara Municipal, proposto pela prefeita Débora Regis, ilustra o movimento que especialistas preveem se repetir em centenas de municípios.
Especialistas consultados pela reportagem apontam três motivações possíveis:
- Estratégia Defensiva
“Municípios que dependem fortemente do ISS precisam se antecipar à perda de arrecadação durante a transição”, explica Carlos Eduardo, economista especialista em finanças públicas. - Investimento em Infraestrutura
“O novo sistema exigirá capacitação tecnológica e de pessoal que muitos municípios não possuem”, complementa Maria Helena, consultora tributária. - Aproveitamento de Janela Oportuna
“Alguns gestores podem estar usando a reforma como justificativa para aumentos que já seriam necessários”, pondera Ricardo Silva, professor de direito tributário.
IMPACTOS PARA OS MUNICÍPIOS
Desafios Imediatos:
- Redução progressiva da autonomia fiscal
- Necessidade de modernização dos sistemas de arrecadação
- Pressão por melhor gestão com menos flexibilidade tributária
Oportunidades:
- Simplificação da administração tributária
- Redução da guerra fiscal entre estados e municípios
- Potencial aumento da arrecadação com economia formalizada
CONSEQUÊNCIAS PARA O PAÍS
A reforma representa um marco na federação brasileira, com efeitos em cadeia:
Positivos:
- Unificação reduz custo de compliance para empresas
- Fim do efeito cascata torna produção mais barata
- Sistema transparente atrai investimentos
Desafios:
- Risco de concentração de poder na União
- Transição delicada pode gerar instabilidade fiscal
- Municípios menores podem sofrer com dependência de repasses
A CORRIDA CONTRA O RELÓGIO
Até 2033, quando o sistema estará plenamente implementado, os entes federativos terão que:
- Adaptar suas legislações
- Treinar equipes técnicas
- Rever contratos e convênios
- Reavaliar fontes de receita
O QUE DIZEM OS ENVOLVIDOS
Procurada, a prefeitura de Lauro de Freitas afirmou que “o aumento orçamentário é necessário para investimentos em infraestrutura e preparação para o novo sistema tributário, garantindo serviços de qualidade à população”.
A oposição na Câmara Municipal criticou a forma como o aumento foi aprovado: “Há outras prioridades que não foram consideradas”, ponderaram.
PERSPECTIVAS FUTURAS
Especialistas alertam que Lauro de Freitas é apenas um de muitos casos que virão. Até 2026, quando começa a transição, a expectativa é de que:
- 60% dos municípios de grande e médio porte farão ajustes similares
- Os debates sobre autonomia municipal se intensificarão
- Novos modelos de gestão pública terão que emergir
O VEREDITO DOS ESPECIALISTAS
“A reforma é necessária, mas a transição precisa ser acompanhada de perto para não penalizar os municípios mais vulneráveis. A sociedade deve monitorar se os aumentos tributários estão sendo convertidos em melhorias reais”, conclui Carlos Eduardo.
FONTES :
- Texto da EC 132/2023
- Estudos da FGV e IBPT
- Especialistas em direito tributário
- Projeto da prefeitura de Lauro de Freitas

