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‘Arcou com a escolha’, diz pai de jovem de 14 anos morto em megaoperação no Rio

Samuel Peçanha soube pela internet da morte do filho, Michel, durante a megaoperação policial no Complexo da Penha, no Rio de Janeiro. Em entrevista à BBC News Brasil, afirmou que o jovem, de 14 anos, se envolveu com o crime organizado por vontade própria e “arcou com a escolha”.

A ofensiva contra o Comando Vermelho ocorreu no dia 28 de outubro e deixou 121 mortos, incluindo quatro policiais. Samuel, quando viu a foto do corpo de um jovem caído na Mata da Misericórdia, sentiu um aperto no peito. “Naquele momento, me veio uma ardência, um aperto, e eu falei: perdi meu filho”.

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Segundo o pai, ele nunca havia morado no Complexo da Penha, nem tinha histórico de envolvimento com a criminalidade até então. Durante a convivência, descobriu, por meio das redes sociais, que o filho exibia armas e frequentava festas em áreas dominadas pelo tráfico.

A BBC postou nas redes sociais o vídeo com trechos da entrevista.

O depoimento de pai de jovem de 14 anos morto em operação contra Comando Vermelho: ‘Ele se iludiu’ https://t.co/PqkFIopEMD— BBC News Brasil (@bbcbrasil) November 6, 2025

Ele contou à Agência Brasil que o filho desapareceu depois de sair para bailes nos complexos da Penha e do Alemão. Samuel deu a declaração ainda na porta do Instituto Médico-Legal, na semana passada. O adolescente deixou a mãe e três irmãos.

Samuel diz que filho escolheu o desfecho da própria vida

Ao falar sobre a morte de Michel, Samuel não hesita em atribuir ao próprio filho a responsabilidade pelo desfecho. “Eu não podia, nesse momento, como as pessoas queriam, como imaginavam, colocar o meu filho como vítima, mesmo ele tendo 14 anos”, disse. “Porque a vida é feita de escolhas. É difícil.”

Para o pai, o jovem foi seduzido por uma ilusão vendida pelas redes sociais e pela mídia. “Isso é culpa da glamourização das favelas nas redes sociais, nas televisões.”

Por fim, contou que tentou alertar Michel ao perceber os sinais. Inclusive, chegou a questioná-lo sobre as armas nas fotos e as amizades perigosas, mas o filho desviava das perguntas e minimizava a situação.

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