Colegiado da saúde promove debate sobre o Novembro Azul
A Comissão de Saúde e Saneamento da Assembleia Legislativa do Estado promoveu, nesta terça-feira (21), a audiência pública “Novembro Azul: Câncer de Próstata”, uma iniciativa do deputado José de Arimateia (Republicanos). “Neste mês, dedicado à saúde masculina, devemos encorajar todos os homens a se informarem sobre os sintomas e os fatores de risco dessa doença, quebrando o estigma e o medo que cercam os exames de toque retal e de PSA, procedimentos fundamentais para o diagnóstico precoce, que podem salvar vidas”, declarou o proponente da sessão.
Para o vice-presidente do colegiado, os parlamentares têm o poder de promover mudanças significativas na área da saúde, aumentando o acesso a serviços de qualidade. O legislador defendeu ainda um maior incentivo à pesquisa científica e o desenvolvimento de novas terapias e tratamentos para o câncer de próstata. “Vamos espalhar a conscientização sobre o câncer de próstata, estimulando os homens no cuidado de sua saúde. Devemos lutar juntos para diminuir a incidência dessa doença, responsável até hoje por um grande número de óbitos no Brasil, para garantir um futuro mais saudável para todos”, expressou o deputado.
O palestrante da audiência foi o médico urologista e especialista em cirurgia robótica, Eduardo Café, que fez uma longa apresentação sobre o câncer de próstata, mostrando o passo a passo da doença, com rastreamento, diagnóstico, estadiamento, estratificação de risco e tratamento cirúrgico. Ele ressaltou a necessidade de se fazer os exames de toque e PSA, na faixa de 45 a 74 anos, e assegurou que a cirurgia robótica, surgida há mais de 20 anos, “é um divisor de águas no tratamento do câncer de próstata, mas requer investimento público, treinamento do cirurgião e esforço das instituições de saúde”.
Doutor em Urologia pela Universidade Federal de São Paulo, o médico Eduardo Café explicou quais as vantagens da cirurgia robótica em relação à cirurgia convencional. Salientou que o uso da tecnologia permite uma maior precisão, com visão 3D e ampliação da imagem da área operada, além de permitir ao paciente um menor tempo de hospitalização e um retorno mais rápido às atividades diárias. Dr. Café informou que desde fevereiro de 2019, quando teve início o Programa de Cirurgia Robótica, o Hospital Santa Izabel, em Salvador, já fez cerca de 2.000 cirurgias, sendo o maior volume do Norte-Nordeste. “Infelizmente, sem cobertura pelo Sistema Único de Saúde (SUS), pois não está no rol da Agência Nacional de Saúde (ANS)”, lamentou o médico, dizendo que na Bahia apenas o Planserv garante este tipo de cirurgia, mesmo assim obedecendo alguns critérios específicos por parte do paciente.
Representando a Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab), a técnica em oncologia Rita de Cássia Velozo falou sobre a legislação, quanto ao prazo de 30 e 60 dias para atendimento dos pacientes. Ela lembrou que os diagnósticos podem ser feitos nas 23 Unidades de Alta Complexidade em Oncologia (Unacon) e também no Hospital Aristides Maltez, na capital baiana. O médico de Saúde da Família e da Atenção Primária, Augusto Batista, falando em nome da Secretaria de Saúde de Salvador, destacou o Programa Sábado do Homem, uma política pública da Prefeitura que existe desde 2017. O profissional esclareceu que uma vez no mês, durante um sábado, as Unidades Básicas de Saúde (UBS) funcionam para atendimento exclusivo à população masculina, que alega nunca ter tempo para a realização de exames e consultas médicas.
A deputada Fabíola Mansur (PSB) aplaudiu o Novembro Azul, afirmando que a campanha serve para rever preconceitos antigos, popularizar a temática na sociedade e salvar vidas humanas. A socialista se mostrou disposta a buscar o apoio dos deputados estaduais e federais, unindo-se à Sociedade Brasileira de Urologia, para inclusão da cirurgia robótica no rol da ANS. O presidente da Comissão de Saúde, deputado Alex da Piatã (PSD), elogiou a atuação do seu vice, chamando-o de “um campeão de audiências públicas que tem, no terceiro mandato consecutivo, muita vontade de discutir e achar soluções para a saúde”. Piatã pontuou ainda que, ao longo dos últimos governos, houve a regionalização da alta complexidade, com a construção de novos hospitais e policlínicas, fortalecendo a saúde da população mais carente.