Virose pós-carnaval assola Salvador
O Carnaval chegou ao fim, mas a tradicional virose que costuma afetar os foliões após os dias de festa em Salvador já se espalha pela cidade. Os sintomas são bem conhecidos: vômito, diarreia, enjoo, indisposição e dor abdominal. O descuido com a alimentação, a falta de descanso e a aglomeração de pessoas durante o evento são fatores que favorecem o aumento de casos.
A equipe da Tribuna da Bahia visitou UPAs da capital baiana para acompanhar de perto a situação. Na UPA dos Barris, a unidade estava lotada, com muitos pacientes apresentando os mesmos sintomas.
Relatos dos foliões
Marilene Santos, que curtiu três dias de folia, procurou atendimento ao acordar com forte mal-estar. “Acordei péssima, enjoada, não consigo comer nada. Fui atendida, medicada, vou passar na farmácia para comprar as medicações e vou descansar”, contou. Ela também afirmou que a alimentação durante os dias de festa foi irregular, com pouco sono e consumo excessivo de bebidas alcoólicas.
João Lucas, outro folião, relatou que, além de vomitar várias vezes, estava com diarreia incontrolável. “Acho que até a minha pressão baixou, estou me sentindo muito mal ainda. Me deram Dramin intravenoso e Floratil para o estômago, mas espero que quando esses remédios fizerem efeito, eu consiga me sentir mais disposto e conseguir comer”, disse.
Orientações dos especialistas
A infectologista Fernanda Grassi, da Fiocruz, explicou que o grande calor durante o período de Carnaval aumenta a probabilidade de infecções bacterianas, especialmente no trato digestivo. “Quando a temperatura está muito alta, não se toma os cuidados adequados com higiene, se come em lugares inadequados e a comida fica exposta à temperatura ambiente, facilitando a proliferação de germes”, afirmou.
Grassi ainda orientou sobre os cuidados necessários para a recuperação. “A hidratação é fundamental. Mesmo com diarreia, é importante manter uma alimentação leve e fracionada. O repouso também é essencial, e na maioria dos casos, essas doenças são autolimitadas, ou seja, desaparecem em dois a três dias”, afirmou.
A especialista também alertou para sinais mais graves. Caso o folião apresente febre alta ou sangue nas fezes, deve procurar atendimento médico imediatamente. Para casos leves, com diarreia e mal-estar, o melhor é o repouso, a hidratação e o uso de medicamentos sintomáticos leves.
Ações da Secretaria Municipal de Saúde
Em nota, a Secretaria Municipal da Saúde de Salvador (SMS) explicou que eventos de grande porte, como o Carnaval, aumentam o risco de disseminação de doenças. Por isso, a vigilância sanitária e as equipes de saúde estão em alerta para monitorar e enfrentar possíveis surtos pós-folia.
Rodrigo Alves, secretário municipal da Saúde, destacou que ações de monitoramento foram intensificadas para combater doenças respiratórias e arboviroses no pós-Carnaval. “Após grandes eventos, há um aumento no número de doenças como gripe, covid, dengue, além das viroses gastrointestinais. Estamos tomando todas as medidas necessárias para agir de forma rápida e evitar a sobrecarga nos serviços de saúde”, afirmou.
Além disso, a Secretaria de Saúde tem intensificado ações de combate ao mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, zika e chikungunya. Durante o Carnaval, foram realizadas ações preventivas e educativas em pontos de grande circulação, como estações de transbordo e circuitos da folia. A campanha “Verão Sem Mosquito” continua até o final da temporada de calor.
Embora a virose pós-Carnaval seja recorrente, a prevenção ainda é a melhor forma de se proteger. Cuidar da alimentação, hidratar-se bem, evitar a aglomeração e lavar as mãos com frequência são medidas simples, mas eficazes para prevenir doenças.
A Secretaria de Saúde também informou que as ações de monitoramento e controle das arboviroses seguirão intensificadas por seis semanas após o Carnaval, período crucial para o controle da proliferação do mosquito transmissor.
Por Vitor Silva