Gonet pede reforço da PF no monitoramento de Bolsonaro
O procurador-geral da República, Paulo Gonet, recomendou nesta segunda-feira, 25, que a Polícia Federal (PF) reforce a vigilância sobre o ex-presidente Jair Bolsonaro. Réu por suposta tentativa de golpe de Estado, Bolsonaro cumpre prisão domiciliar e usa tornozeleira eletrônica em razão de inquérito que investiga tentativa de obstrução de justiça.
Gonet sugeriu ao Supremo Tribunal Federal (STF) que a corporação mantenha uma equipe de plantão exclusiva para acompanhar em tempo real o cumprimento das medidas cautelares impostas a Bolsonaro.
A PF mencionou, no parecer ao STF, um ofício assinado pelo deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ), líder do partido na Câmara. No documento, ele alertou para um risco de fuga do ex-presidente.
Segundo a recomendação, Bolsonaro poderia se deslocar até a Embaixada dos Estados Unidos, a menos de dez minutos de sua casa em Brasília. Ali, conforme o texto, ele tentaria solicitar asilo político.
O diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, repassou a informação à Secretaria de Administração Penitenciária do Distrito Federal. A medida, segundo ele, visa a garantir que a secretaria adote providências preventivas, caso considere necessário.
“Deputado Federal Lindbergh Farias desenvolve razões de receio quanto à suficiência das medidas de cautela voltadas à garantia da aplicação da lei penal, que tange ao Sr. Jair Messias Bolsonaro”, diz trecho do documento. “O risco aludido motivou manifestação outra da Procuradoria-Geral da República, no sentido de proceder ao monitoramento do ex-Presidente por meio de tornozeleira eletrônica.”
O ministro Alexandre de Moraes, relator da ação, deu prazo de cinco dias ao PGR para que se manifeste sobre o ofício da PF. Gonet já antecipou que as ações de monitoramento não devem invadir a residência nem interferir na rotina do ex-presidente com vizinhos.
Avaliação interna indica “estabilidade” no caso de Bolsonaro
Além do suposto plano de fuga, o PGR deve se posicionar sobre possíveis violações das medidas cautelares — como o uso de redes sociais, o que está proibido por decisão do STF. A análise considera ainda uma minuta encontrada no celular de Bolsonaro que citava um possível pedido de asilo à Argentina.
Contudo, apesar da nova ofensiva, integrantes próximos a Gonet consideram improvável que a situação jurídica de Bolsonaro mude antes do julgamento da ação, marcado para começar em 2 de setembro. A defesa do ex-presidente nega qualquer irregularidade e garante o cumprimento de todas as restrições impostas pelo Judiciário.